O episódio gerado estes dias em torno de José Augusto Marques e Jorge Baptista, narrador e comentador destacados pela SIC para o Benfica-Atlético de Madrid da semana passada, é deplorável. Deplorável, em parte, pela substância: tanto um como outro deixam clara a inveja em relação ao protagonismo de João Malheiro. E deplorável, no resto, pela própria existência do caso, originado pela vingança daqueles que decidiram defender Malheiro através da exposição pública de uma conversa privada.
Os palavrões não interessam. O marialvismo ainda menos. Onde quer que haja dois homens sozinhos e duas loiras desfilando em frente, as possibilidades de haver marialvismo e palavrões são grandes (em todas as actividades, em todas as classes sociais, em todas as idades). O que esta história nos mostra, principalmente, é que o YouTube precisa de regulação. E que, enquanto ninguém o regular, crimes como este (o da exposição de uma conversa privada, entre outros) continuarão a ser praticados todos os dias um pouco por todo o mundo.
De resto, apenas ficámos a saber que, entre os jornalistas que acompanham o futebol, grassam a inveja para com qualquer esboço de êxito por parte de outros e o ressentimento para com as condições de trabalho de que se dispõe. O que seria novidade se não fosse assim entre os restantes jornalistas também. E, aliás, entre os advogados, os médicos, os ladrilhadores e as lavadeiras do rio.
CRÍTICA DE TV ("Crónica TV"). Diário de Notícias, 29 de Julho de 2009