
Pois eu não vejo melhor razão para ter-se empenhado em ir à reunião – ou então para, caso a ausência fosse verdadeiramente inevitável, ter ao menos enviado uma mensagem aos restantes conselheiros, vincando a sua posição. De cavaleiros andantes incapazes de se chegarem à frente na hora certa, estamos todos cansados. E pior ainda andaria o país se, de cada vez que fosse necessário tomar uma decisão a sério, se tivesse de esperar que todos os nossos servidores públicos estivessem sentados no seu devido lugar. Como é que funcionava o Parlamento, por exemplo?
Não menos desconcertante, aliás, é a estranheza de Mário Crespo perante o facto de nenhum outro jornal o ter entretanto convidado para escrever crónicas, finda a sua colaboração com o Jornal de Notícias. E mais desconcertante ainda é o argumento de que a sua coluna era interessante porque era “controversa”. Se tem alguma relevância a decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social sobre a queixa de “censura” que Mário Crespo apresentou, então o estardalhaço que ele fez foi uma deslealdade para com a direcção do JN. Ora, não pode surpreender ninguém que mais nenhum jornal esteja ansioso por ter um colaborador desleal. Eu, se fosse director de um, não estaria.
CRÓNICA DE TV ("Crónica TV"). Diário de Notícias, 13 de Junho de 2010