
E, porém, a própria intenção tem significado. Porque, a não ser talvez Barack Obama, não há hoje outro homem capaz de mobilizar esta expectativa. Era tal a euforia dos adeptos do golfe que, com o chamado world feed circunscrito às habituais três horas e meia de directo, a organização do primeiro major de 2010 programou uma emissão prévia de alguns minutos só para acompanhar, em jeito de edição especial global, o primeiro buraco de Tiger. E, isso, nem Michael Jordan nem Michael Schumacher conseguiram quando voltaram às respectivas modalidades.
Filho de um afro-americano e de uma tailandesa, Woods é, na verdade, a verdadeira antecâmara de Obama. Provavelmente o melhor jogador de uma modalidade com 250 anos de história, impôs o respeito das elites pelas minorias étnicas – e, quando está ausente, leva as audiências do PGA Tour a baixar 40 por cento. Esta quinta-feira, e após cinco meses sem uma ronda competitiva, simplesmente desfez o campo de Augusta, com um -4 que o colocou de imediato na órbita da liderança. É um privilégio ser seu contemporâneo – ainda por cima na era da TV.
CRÓNICA DE TV ("Crónica TV"). Diário de Notícias, 10 de Abril de 2010