
E, no entanto, é fundamental perceber que Bruno Nogueira foi sempre muito mais um actor do que um autor. Que, portanto, precisa de textos. Que, aliás, precisa de bons textos, porque o público português já aprendeu a ser exigente nos domínios do humor (vide o flop de Notícias Em 2ª Mão). E que, de resto, esses textos não têm apenas de ser bons, mas persistentemente bons, ao contrário do que acontece, por exemplo, com a rubrica Tubo de Ensaio, apresentada pelo próprio Bruno Nogueira na TSF, e na qual o actor se limita às vezes (às vezes, note-se) a passar uma canção ultra-brejeira, quase sem comentários, no pressuposto de que essa simples canção já será humor suficiente (ela e a espirituosidade de encontrá-la).
Já aqui falámos na insistência dos criativos portugueses na fórmula do nonsense, que vai passando de moda. E o mais provável é que o humor nacional esteja efectivamente a precisar de um novo fôlego, de um novo caminho. Se será Bruno Nogueira a encontrá-lo, não sei. Mas seria interessante se, pelo menos, não se limitasse agora a fazer o mesmo de sempre.
CRÓNICA DE TV ("Crónica TV"). Diário de Notícias, 8 de Abril de 2010