1. Miguel Sousa Tavares tem razão: são absurdas as queixas formais dos telespectadores sobre a forma opiniosa como o jornalista tem conduzido o seu Sinais de Fogo. Nem entrevista é notícia nem o jornalismo tem de ser todo imparcial (se é que alguma vez algum o foi em absoluto). Mas não deixa de ser curioso que, ao fim de dois programas, tudo o que se debata sobre Sinais de Fogo seja quem lá esteve, como o entrevistou MST e como se entenderam os dois protagonistas. É importante que, mais cedo ou mais tarde, se fale também do que as pessoas disseram.
2. A TVI não foi surda aos apelos e preparou melhor a transmissão da chamada “cerimónia dos Óscares” deste ano, agendando para a TVI24 um longo programa de lançamento, apresentado por Pedro Granger. Ainda não se sabe o que vai sair dali, mas é justo elogiar a humildade – e, de resto, a atenção à necessidade de potenciar o produto. Pena que, aparentemente, o directo do Kodak Theatre em si volte a decorrer segundo o velho formato, com Vítor Moura e José Vieira Mendes enfiados numa cave esconsa, sem rede ou preparação, a dizer o que lhes vem à cabeça.
3. A nomeação de Castigo Final para os Emmy Awards honra a produção portuguesa (e a da beActive em particular), mas envergonha a televisão. Há diversas áreas da aplicação da tecnologia à TV em que Portugal está verdadeiramente na frente (outro exemplo é o da IPTV, onde o Meo é um case study mundial). Infelizmente, para os directores nossos principais canais, tudo se resume às vezes a um jogo de egos e a uma luta imediatista pelas audiências, mais até do que pelo mercado publicitário. Resultado: Castigo Final passou no Brasil, mas não em Portugal. Faz sentido, isto?
CRÓNICA DE TV ("Crónica TV"). Diário de Notícias, 7 de Março de 2010