Há um momento exemplar na primeira edição de “Há Festa Em…”. José Carlos Malato faz uma pergunta a uma concorrente (qualquer coisa sobre o nome que se dá a um homem atraído por várias mulheres, confesso que me escapou a formulação) e esta começa a hesitar na reposta. “Diz”, insiste Malato. “Não posso”, responde a concorrente. Era uma brejeirice – e, ao perceber que era uma brejeirice, o apresentador cai em cima dela: “Diz! Diz! Diz!” Só falta ralhar-lhe: “É para isso que estás aqui, pá!” E, naturalmente, a rapariga diz.
A nova aposta da RTP para os domingos à noite não é uma decepção nem uma surpresa. É o que se esperava a partir do momento em que os spots de promoção começaram a ser emitidos: tonto, brejeiro e globalmente fraco. Tem algo de “Jogos Sem Fronteiras” e outro tanto de “Não Te Esqueças da Escova de Dentes”, aquele programa em que Teresa Guilherme punha os concorrentes a mexer em lagartos em troca de uma viagem à Madeira. José Carlos Malato e Fernando Mendes tratam toda a gente por tu, o que será talvez a única curiosidade. No resto, grita-se “Apalpa! Apalpa! Apalpa!” como noutros programas se grita(va) “Despe! Despe! Despe!” O facto de ambos os apresentadores serem gordos é o principal mote da encenação.
É pena. Porque Malato e Mendes sabem fazer melhor e porque a equipa da Fremantle também sabe. Pediram-lhes isto, provavelmente: brejeirice com fartura. “É assim o Verão”, diz-se. E eu acho que não tem de ser.
CRÍTICA DE TV ("Crónica TV"). Diário de Notícias, 21 de Julho de 2009