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10 Setembro 2009

Posto o avanço da SIC para a terceira edição de Ídolos, a questão já nem é a de saber se resiste ou não alguma criatividade na televisão nacional. Na verdade, Ídolos continua a ser um êxito em inúmeras estações um pouco por todo o mundo, incluindo em países com TV melhor do que a nossa. Só que, depois de tantos anos de Chuva de Estrelas (também na SIC) e de outros tantos de Operação Triunfo (RTP), para já não referir exemplos menores espalhados pelos anos e pelos diferentes canais, continuam a aparecer 600, 700, 800 candidatos a cada sessão de casting para concursos deste género. E esses números têm significado.

Ainda há dias, ao longo de um daqueles dias de missão à day time TV, contei mais de 20 cantores brejeiros (ditos “pimba”, de resto não sem alguma propriedade) só entre a RTP e a SIC, incluídas ambas as edições dos respectivos programas de Verão. Passaram por lá Quim Barreiros, Ana Malhoa e Micaela, que eu já conhecia – mas entretanto passaram por lá uma série de outros Tó Manéis e Anitas e Marianas e Chiquitas de que eu nunca sequer tinha ouvido falar. Inevitavelmente, perguntei-me: “Mas como é que nós conseguimos produzir tanto cantor?” A resposta, aparentemente, está aqui: continuamos a dizer a milhares e milhares de miúdos que podem fazer carreira na música – e depois dá no que dá.
Entretanto, porém, e tendo Portugal apenas dez milhões de pessoas, ainda haverá alguém que não tenha ido cantar à televisão?

CRÓNICA ("Crónica TV"). Diário de Notícias, 13 de Setembro de 2009

publicado por JN às 01:30

Caro Joel, mais uma vez li com interesse esta sua crónica - e o comentário da Belinha Fernandes - no entanto persiste a duvida, é bom ou mau ir a um programa desta natureza? Passo a explicar: A minha filhota tem 9 anos e vai participar num programa da TVI, "Uma canção para ti"; Não devia permitir a exposição mediática? Vou ajudar a criar-lhe na mente a ideia que pode ser cantora quando até pode não ter muito jeito? Vou sujeita-la a uma depressão quando for eliminada do concurso? Não sei. Sei que enquanto pai resisti cerca de dois anos aos seus pedidos para a inscrever em concursos desta natureza. Desta vez cedi. Em boa hora o fiz - sei que ainda me posso vir a arrepender destas palavras - a alegria no olhar e nas palavras, o empenho - a minha filha não tem qualquer tipo de formação musical - os niveis elevados de auto estima, sei lá... Claro que temos, e devemos estar atentos, a um tique de vedetismo por aparecer na TV, ajudar se algo correr menos bem, etc, etc. Sinto-me feliz por ver a felicidade estampada no rosto minha filha, e acho que é cedo par questionar o amanhã. Por outro lado, quando crescer, se for uma "Anita ou uma "Chiquita", tanto faz, o importante é levar uma vida decente e ser feliz. P.S: Nos lugares e aldeias deste País onde não existe dinheiro para contratar Emanuéis e Toni Carreiras, os Manéis as Anitas e Chiquitas ou qualquer outra pessoa com boa voz e uma concertina tem mercado; E cumpre o seu papel, animar a malta e fazer esquecer, por momentos, as agruras desta vida.
João Manuel Xavier a 13 de Setembro de 2009 às 09:58

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joel neto

Joel Neto nasceu em Angra do Heroísmo, em 1974. Publicou “O Terceiro Servo” (romance, 2000), "O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” (contos, 2002), “Al-Jazeera, Meu Amor” (crónicas, 2003) e “José Mourinho, O Vencedor” (biografia, 2004). Está traduzido em Inglaterra e na Polónia, editado no Brasil e representado em antologias em Espanha, Itália e Brasil, para além de Portugal. Jornalista, tem trabalhado... (saber mais)
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